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Terapia famíliar

PRIMEIRAS SESSÕES E A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS

Durante o percurso da minha graduação, no decorrer de estudos extra curriculares e ao longo do meu curso de especialização em atendimento do adolescente, pude observar de maneira bastante clara que não existe uma fórmula predefinida e inflexível para conduzir o atendimento psicológico. Desde que essa abordagem respeite princípios éticos e seja embasada em pesquisas científicas, a maneira como um psicólogo aborda seu trabalho é algo profundamente pessoal e singular. Gosto de enfatizar que a abordagem predominante que empregamos com nossos pacientes reflete nossa própria identidade profissional.

Isso não quer dizer que não adotemos uma abordagem específica em nossa prática, mas é importante reconhecer que ela é aplicada de maneira adaptada a cada indivíduo, considerando nossa unicidade e nossa constante evolução. Um aspecto notável que aprendi é a importância de priorizar o atendimento ao adolescente antes de seus pais. Além de construir um ambiente de confiança, essa abordagem demonstra ao paciente jovem que ele é uma prioridade no processo terapêutico.

Minha experiência pessoal como paciente também me ensinou a significativa relevância do acolhimento desde o primeiro encontro, antes mesmo de formalizar o contrato terapêutico. A prática de apresentar verbalmente o contrato ao paciente, seguido de uma leitura conjunta na presença dos pais, após o paciente estar de acordo e ciente do que envolve a terapia, é algo que considero valioso. Essa abordagem não apenas estabelece um entendimento mútuo, mas também contribui para uma colaboração transparente e informada. 

Todo esse processo se desenvolve na primeira sessão, onde reservamos os últimos 20 minutos para envolver os pais, explicar o funcionamento do tratamento e obter sua devida autorização para prosseguir. É fundamental delimitar o processo psicoterápico com começo, meio e fim. Ou seja, estabelecer uma data limite, podendo antecipá-la ou adiá-la, ressaltando que o tratamento proposto ao adolescente é de duração limitada. Além disso, é importante destacar a implicação dos pais ou responsáveis no processo psicoterápico. Sua participação ativa não apenas fornece uma base mais sólida para o progresso do adolescente, mas também ajuda a contextualizar o tratamento dentro do ambiente familiar.

 

No entanto, devemos sempre manter uma obrigação ética de não entrar em contato com os pais ou outros membros da família, seja por meio de marcação de encontros ou ligações telefônicas, sem que o paciente esteja plenamente ciente e concorde com isso. Da mesma forma, os pais ou responsáveis não podem contatar diretamente o psicólogo sem o consentimento do paciente.

 

É fundamental destacar que essas regras podem ser flexibilizadas em situações em que o paciente está em risco de vida, garantindo assim uma abordagem responsável e sensível. Além disso, esse formato de atendimento é concebido de maneira holística, visando primordialmente a eficácia do tratamento e fazendo parte integrante do processo terapêutico como um todo.

Destaque

o artigo intitulado de "imaturidade do adolescente" (Winnicott 1968/1989), salienta que, mesmo se os pais fizerem de tudo para promoverem o crescimento pessoal de seus filhos, irão lidar com resultados "incríveis” e especifica:

 

“( ...) Vai ser longa a luta que vocês terão que enfrentar". (WINNICOTT , 1968/1989 , 122)

 

“[...] Na verdade, vocês podem esperar problemas. Certos problemas são inerentes a esses estágios posteriores ” (WINNICOTT , 1968/1989 , p. 123).

 

Sugere-se o livro "As cinco linguagens do amor dos adolescentes" para pais de adolescentes.

 

"Adultos maduros precisam saber disso e precisam acreditar em sua própria maturidade como nunca ” (WINNICOTT , 1968 1989 , p. 124)

 

"Quanto às recompensas, estas virão sempre de um modo indireto: Se algum dia nossa filha pedir para tomarmos conta de seu filho o que demonstra confiança; ou se o nosso filho desejar ser como nós ou namorar uma moça com a qual namoraríamos se fôssemos mais jovens. No entanto, agradecimentos diretos não devem ser esperados uma vez que eles não acontecerão". (Winnicott, 1971b/1975).

“Devemos entender que o adolescente não pode (e não deve) evitar o desafio, mas não pode (e não deseja) em seu íntimo triunfar”. (GRAÑA, 1991, p.195).

 

 

 

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